10 destinos pelo Brasil para quem é apaixonado por livros

Viagem e literatura são dois tópicos que combinam muito bem. Além de levar a nossa imaginação a diversos lugares, as páginas de um livro podem também servir como inspiração para rolês criativos e fora do óbvio. 

Conhecida como turismo literário, essa proposta proporciona uma imersão no cenário do livro preferido ao visitar lugares reais em destinos turísticos. A experiência é a oportunidade para colocarmos os pés na areia daquela praia citada pelo autor ou conhecermos a praça histórica onde o protagonista deu o primeiro beijo.

Além disso, a viagem literária permite o conhecimento do estilo de vida de grandes escritores, e em alguns casos dá até para visitar suas residências, que foram transformadas em museus abertos ao público. 

Em comemoração ao Dia Mundial do Livro, no último domingo (23), a coluna traz uma lista de cinco roteiros que são encontrados nos clássicos da literatura nacional e que também podem ser visitados pessoalmente, misturando o real e o imaginário.

Como acredito que literatura é uma ótima inspiração para roteiros de viagem e o Brasil não decepciona os amantes de um bom livro, a coluna de hoje é dedicada aos ratos viajantes de biblioteca e traz sete destinos que foram eternizados nas páginas de clássicos ou mesmo na biografia de escritores brasileiros.

1 – A magia do universo do Sítio do Pica-pau Amarelo, em Taubaté

A série de livros “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, de Monteiro Lobato, marcou a infância de várias gerações com as aventuras de grandes personagens da literatura brasileira como a boneca Emília, Dona Benta e o Visconde de Sabugosa.

Em Taubaté, interior de São Paulo, você pode visitar o Sítio homônimo, cuja propriedade pertenceu ao avô de Lobato. Trata-se de um museu histórico com móveis e objetos do autor, além de promover atividades pedagógicas em seus espaços de recreação – um ótimo passeio para todas as idades. 

2 – Aventura no Grande Sertão Veredas

O Parque Nacional Grande Sertão Veredas ganhou o nome em homenagem à obra de João Guimarães Rosa e engloba justamente a paisagem retratada no clássico da literatura nacional.

Com 230,8 milhões de hectares, o parque se espalha grande parte pelo norte de minas nos municípios de Arinos, Formoso e Chapada Gaúcha, sendo esse ultimo a sede e única forma de acesso.

Embora a predominância de cerrado, existe uma diversidade imensa no local, com inúmeros trechos de matas ciliares, veredas e vegetações de transição com a caatinga.

O parque está aberto à visitação, porém, ainda não possui infraestrutura totalmente adequada ao turismo. Para entrar na unidade, é preciso o acompanhamento por um guia credenciado, que pode ser contratado, em média, por R$ 150/dia.

3 – As cidades baianas imortalizadas por Jorge Amado

Foram duas as fases literárias de Jorge Amad uma de cunho social e político, como em “Capitães da Areia”, e outra de aspecto mais regionalista em obras como “Gabriela, cravo e canela”. São três as cidades baianas que se destacam na vida e obra do autor: Ilhéus, Salvador e Mangue Seco.

Em Ilhéus, a casa em que Amado viveu durante a infância, um museu e esculturas do escritor são pontos turísticos. Já em Salvador, a casa em que viveu com a segunda esposa possui um acervo com cartas e documentos escritos pelo próprio autor, que também ajudam o visitante a entender melhor seu relacionamento com o Candomblé. Por fim, em Mangue Seco foi a cidade em que a novela “Tieta do Agreste” foi gravada, baseada na obra homônima do autor.

4 – A Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre

O autor gaúcho mudou-se jovem para Porto Alegre e durante os anos 1968 e 1982 morou no Hotel Majestic, às margens do Rio Guaíba.

Hoje, o local é a Casa de Cultura Mário Quintana, que além de possuir um grande acervo sobre o poeta, promove oficinas, exposições e exibição de filmes. Lá o visitante também pode conhecer a réplica do último quarto em que Quintana se hospedou.

5 – “O Tempo e o Vento”

O autor Érico Veríssimo ajuda a contar a história da formação do Rio Grande do Sul por meio da trilogia “O Tempo e o Vento”.

As páginas das obras de ficção que mesclam romance, história e crônica por meio da família Terra Cambará, tem como cenário alguns locais do estado, como São Miguel das Missões, onde o turista vai encontrar o Sitio Histórico São Miguel Arcanjo, declarado Patrimônio Histórico e Artístico Nacional pelo IPHAN e Patrimônio da Humanidade pela Unesco. O local abriga edificações que narram as missões jesuíticas no Brasil.

Porto Alegre, capital gaúcha, também ganha destaque e conta com a sede do Centro Cultural Erico Veríssimo, um lugar que narra a vida e obra do autor.

O espaço foi construído nos anos 1920 e inaugurado em 2022. Por lá, exposições, documentos literários e muito amor pela escrita podem ser encontrados para deleite dos amantes de boas histórias em papel.

6 – “Iracema”

O roteiro Caminhos de Iracema talvez seja um dos mais completos para apresentar ao viajante sobre a vida e obra do grande escritor José de Alencar. Com várias locações em Fortaleza, é possível conhecer praças, teatro, monumentos, pinacoteca, estátuas da Índia Iracema, que remete a uma das principais publicações do autor.

Outro destaque é o projeto do livro urbano, que reúne um conjunto de 18 peças no espigão da Praia de Iracema, cada uma com mais de 2 metros de altura. Cada parte registra trechos do livro de José Alencar, com objetivo de divulgar a riqueza literária cearense.

Além disso, a casa onde nasceu o autor, em 1826, está aberto a visitação. No local, o visitante poderá conhecer a Pinacoteca Floriano Teixeira, o museu Arthur Ramos (com peças indígenas e da época da escravidão) e a biblioteca Braga Montenegro, além de exposição de gravuras de Iracema.

A bela obra fictícia do autor José de Alencar narra o amor entre a índia Iracema e o europeu Martim. O romance tem início porque Martim ficou encarregado de colonizar a região (que hoje é o atual Ceará) onde conhece Iracema, “a virgem dos lábios de mel”.

No livro, o autor consegue criar uma explicação poética para as origens do estado, que é sua terra natal. A “virgem dos lábios de mel” hoje é um símbolo do Ceará, e seu filho com Martim representa o primeiro cearense, fruto da união das duas raças.

Na capital Fortaleza, o leitor vai encontrar a Casa de José de Alencar. Tombada pelo Iphan como Patrimônio Histórico e Cultural, o espaço traz exposições e outras atividades artísticas, além de ruínas arqueológicas e edificação histórica.

7 – “Memorial de Maria Moura”

A 169 quilômetros de Fortaleza, a cidade de Quixadá é o ponto de partida para o viajante visitar tanto a fazenda pertencente à família da autora quanto o Memorial Chalé de Pedra e o Centro Cultural, criados para retratar sobre a vida e obra de uma das mais importantes escritoras desse País.

Na Fazenda Não Me Deixes, é possível fazer visitas guiadas pela propriedade que foi comprada por um tio-avô de Rachel de Queiroz e depois repassada ao pai da escritora, Daniel de Queiroz, que homenageia o distrito onde esta localiza-se. A casa grande foi construída a partir de desenhos feitos pela própria escritória e mantém o padrão original até hoje. Além disso, o local guarda a pequena biblioteca, acervo pessoal da autora.

Escrita por Rachel de Queiroz, essa obra conta a história de Maria Moura, uma jovem que perde o pai e luta contra a submissão feminina no século 19. O romance é agitado, tem tiroteio, morte, perseguição, sedução e liderança feminina.

A trama acontece em algum lugar incerto no sertão nordestino, mas sabemos que certo mesmo é a beleza que a região oferece a quem a visita.

O sertão nordestino se estende pelo Ceará, Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe e, nesses estados, o turista vai encontrar uma rica cultura e um legado recheado de cidades históricas.

No Ceará, por exemplo, a cidade de Quixadá faz uma homenagem à autora do livro, que nasceu no município. Visitar o Memorial Rachel de Queiroz é uma das opções da programação cultural do município, ideal para quem quer conhecer um pouco mais sobre a vida e obra da primeira mulher brasileira a ingressar na Academia Brasileira de Letras

8 – Universo de Carlos Drummond

A 124 quilômetros de Belo Horizonte fica a adorável Itabira, cidade natal de Carlos Drummond de Andrade. Na cidade mineira, o visitante pode percorrer os “Caminhos Drummondianos”, uma rota de 7 quilômetros com 44 placas poemas nos lugares que o autor cita em suas obras.

Para se aprofundar na relação que o autor tinha com a cidade, o percurso também inclui paradas no memorial projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que era amigo do poeta, e no Centro Cultural Fazenda do Pontal, onde Drummond viveu parte da infância.

Terra de nascimento de Carlos Drummond de Andrade, Itabira rende um ótimo passeio para os fãs de literatura. Ali é possível conhecer a casa onde o escritor nasceu e um memorial projetado por Oscar Niemeyer. No Museu de Território Caminhos Drummondianos há diversas placas-poemas de Drummond que referenciam fatos, locais e personagens retratados em suas histórias

Além de resgatar a história de Itabira com auxílio das referências deixadas pelo autor, o visitante também vai vivenciar todo o contexto poético deixado por Drummond de Andrade por meio da Casa de Drummond, da Fazenda do Pontal e Memorial Carlos Drummond de Andrade.

9 – Cachoeiro do Itapemerim (ES)

Quem vai a essa pequena cidade do Espírito Santo se depara com um casarão clássico, verde e branco, nas esquinas das ruas 25 de Março e José Gardoli. Antiga residência do cronista Rubem Braga, o local se transformou em um museu dedicado ao escritor. Destaque para o belíssimo pé de fruta-pão no quinta, um local perfeito para aproveitar uma boa leitura.

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